O 8º Fórum de Pesquisa da Faculdade Cásper Líbero reuniu trabalhos feitos por estudantes de ensino superior e pós-graduação na área de comunicação social entre os dias 18 e 20 de maio, acabando hoje. Dentre as pesquisas, a monografia Wired Protocol 7: Um Estudo sobre Serial Experiments Lain e a Alucinação Consensual no Ciberespaço foi a única de tecnologia apresentada voltada para animes, os famosos desenhos japoneses. Sua autora, a estudante de graduação e jornalista Lidia Zuin apresentou um trabalho que ligou o desenho Lain com toda a cultura tecnológica que temos hoje em dia e a ideologia ciberpunk, que nasceu na literatura da década de 1980.
"Costumo brincar que essa pesquisa é sobre aliens, internet, drogas e golfinhos" disse a autora, começando sua apresentação que aconteceu hoje, às 8h. Lidia mostrou um vídeo da ideia inicial de Lain, antes de se tornar um anime - era pra ser um jogo de Playstation, com vídeos interativos em uma internet onde vive uma garota misteriosa. No game, Lain termina cometendo suicídio. O anime preservou essa mensagem, mas com o suicídio de uma garota no mundo real da animação.
Lançado em 1998, com apenas 13 episódios, o desenho seriado, segundo Lidia, não possui um raciocínio muito claro. Acompanhamos o cotidiano de Lain, uma garota viciada em sua conexão pelo Wired Protocol 7 que tem crises de identidade. Ela tem acesso ao ciberespaço, chamado no anime de Wired. No entanto - e ai podemos ver uma conexão que há entre tecnologia touch e o trabalho de Lidia - Lain não utiliza apenas computadores, mas ela realmente se encontra num espaço virtual sensitivo. Uma tela touchscreen não existe apenas porque é mais sofisticada que um teclado, mas sim para aumentar a experiência física. O anime amplia tanto essa experiência corporal que uma pessoa estaria completamente dentro do virtual.
"Já compararam a rede do anime com um paraíso, onde nos tornaríamos anjos. É um lugar de escape" afirma a pesquisadora, mostrando que a metáfora do desenho é muito mais profunda e polêmica comparando com a conexão banda larga que temos hoje em dia, sem uma imersão completa. Lidia, fazendo relações com a história da própria internet e a literatura ciberpunk de Neuromancer, afirmou que o desenho, mostrando várias imagens sobre o vazio das pessoas conectadas em uma rede tentando descobrir quem é Lain, mostra que "não se sabe sequer se ela é uma pessoa, uma entidade que mostra que as pessoas não sabem quem são". Dentro dessa crítica mais profunda da animação, as pessoas estão imersas em uma internet sem circuitos ou cabos. "Então a Wired é um mundo impossível, porque não podemos evoluir a tal patamar de tecnologia sem nos conhecermos melhor" completou a pesquisadora.
Nesse imaginário, criado no final dos anos 1990, não se pensava a revolução que o iPod faria poucos anos depois. E com o iPhone, hoje, o touch tornou-se uma tecnologia que aproxima os homens das máquinas, assim como anime retrata uma imersão. Outra curiosidade do desenho, segundo Lidia, é que aparece uma propaganda bastante conhecida dentro da Wired que é mostrada. Vamos ver se você, leitor, consegue reconhecer:
Isso mesmo. O anime, além de representar uma internet futura como alucinação, faz brincadeiras com a empresa de Jobs, que revolucionou a plataforma mobile dos smartphones nos anos posteriores.
No fim da apresentação, Lidia concluiu que o desenho é uma representação dos mitos e das verdades que existem na tecnologia e na ciência de ponta, na época de seu lançamento e hoje. Na plateia, além de colegas de faculdade, estava presente o tradutor Carlos Angelo, responsável pela versão em português do romance Count Zero, de William Gibson. Esses livros foram continuação do antológico Neuromancer, que traduziu ideia de software em rede, cultura hacker e mutos aspectos da tecnologia em 1984, revolucionando a ficção científica.
"Costumo brincar que essa pesquisa é sobre aliens, internet, drogas e golfinhos" disse a autora, começando sua apresentação que aconteceu hoje, às 8h. Lidia mostrou um vídeo da ideia inicial de Lain, antes de se tornar um anime - era pra ser um jogo de Playstation, com vídeos interativos em uma internet onde vive uma garota misteriosa. No game, Lain termina cometendo suicídio. O anime preservou essa mensagem, mas com o suicídio de uma garota no mundo real da animação.
Lançado em 1998, com apenas 13 episódios, o desenho seriado, segundo Lidia, não possui um raciocínio muito claro. Acompanhamos o cotidiano de Lain, uma garota viciada em sua conexão pelo Wired Protocol 7 que tem crises de identidade. Ela tem acesso ao ciberespaço, chamado no anime de Wired. No entanto - e ai podemos ver uma conexão que há entre tecnologia touch e o trabalho de Lidia - Lain não utiliza apenas computadores, mas ela realmente se encontra num espaço virtual sensitivo. Uma tela touchscreen não existe apenas porque é mais sofisticada que um teclado, mas sim para aumentar a experiência física. O anime amplia tanto essa experiência corporal que uma pessoa estaria completamente dentro do virtual.
"Já compararam a rede do anime com um paraíso, onde nos tornaríamos anjos. É um lugar de escape" afirma a pesquisadora, mostrando que a metáfora do desenho é muito mais profunda e polêmica comparando com a conexão banda larga que temos hoje em dia, sem uma imersão completa. Lidia, fazendo relações com a história da própria internet e a literatura ciberpunk de Neuromancer, afirmou que o desenho, mostrando várias imagens sobre o vazio das pessoas conectadas em uma rede tentando descobrir quem é Lain, mostra que "não se sabe sequer se ela é uma pessoa, uma entidade que mostra que as pessoas não sabem quem são". Dentro dessa crítica mais profunda da animação, as pessoas estão imersas em uma internet sem circuitos ou cabos. "Então a Wired é um mundo impossível, porque não podemos evoluir a tal patamar de tecnologia sem nos conhecermos melhor" completou a pesquisadora.
Nesse imaginário, criado no final dos anos 1990, não se pensava a revolução que o iPod faria poucos anos depois. E com o iPhone, hoje, o touch tornou-se uma tecnologia que aproxima os homens das máquinas, assim como anime retrata uma imersão. Outra curiosidade do desenho, segundo Lidia, é que aparece uma propaganda bastante conhecida dentro da Wired que é mostrada. Vamos ver se você, leitor, consegue reconhecer:
Isso mesmo. O anime, além de representar uma internet futura como alucinação, faz brincadeiras com a empresa de Jobs, que revolucionou a plataforma mobile dos smartphones nos anos posteriores.
No fim da apresentação, Lidia concluiu que o desenho é uma representação dos mitos e das verdades que existem na tecnologia e na ciência de ponta, na época de seu lançamento e hoje. Na plateia, além de colegas de faculdade, estava presente o tradutor Carlos Angelo, responsável pela versão em português do romance Count Zero, de William Gibson. Esses livros foram continuação do antológico Neuromancer, que traduziu ideia de software em rede, cultura hacker e mutos aspectos da tecnologia em 1984, revolucionando a ficção científica.
3 comentários:
Muito bom essa matéria.
Simplesmente Incrivel,
Simplesmente Incrivel,
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